As raízes, as passas, as folhas secas

Há um ano, escrevi um artigo sobre meu retorno a Porto Alegre aqui neste espaço. Havia pelo menos um mês da minha volta, após 13 anos em Florianópolis. A fruta de pedra de que falara, na verdade, murchou, como passa. Em pleno outono, que é o inverso da primavera, surgem as primeiras raízes de uma nova era por aqui. Enquanto as primeiras folhas caem das árvores, retomo um pouco daquilo que mais gosto de fazer: acompanhar eventos esportivos: Gauchão, Vôlei, Futsal, Tênis, tudo quanto é esporte.
O jornalista esportivo é diferente. Sabe que noites de quarta e, às vezes quinta, sábados e domingo, são de trabalho. Muitas vezes as pessoas estão se divertindo e nós trabalhando. Claro, existem médicos, demais jornalistas, donos de bares e restaurantes, e uma série de atividades de noites, madrugadas, viagens e domingueiras. Mas o esporte é um mundo à parte. É uma atividade divertida, mesmo que dramática ou do mais puro tédio. Eu estava entre as pessoas que assistiram, Santa Cruz x Caxias pelo Campeonato Gaúcho, em Santa Cruz do Sul. Dois a zero para o time da casa, zero a zero para o espetáculo, ou pior goleada negativa para o jogo.

Nunca vou abandonar o meu espírito de repórter que é voltado para assuntos gerais. Acompanho e me interesso como cidadão e por gosto pessoal pela política, economia, saúde, educação, ecologia, ciências, variedades. Por isso, seguirei o exercício das crônicas gerais no espaço mottacronicas.blogspot.com para onde migraram textos antigos. Aqui, volto a falar de esportes em geral, onde todas as ciencias estão inseridas. Nos dois casos - dos blogs me refiro -, será um exercício diário que pretendo dividir com amigos, colegas, e contatos que fiz ao longo do tempo e agora via internet.

Foto: Mário Quintana, nosso poeta maior.

Assim como se diz: Site em Construção", são Blogs em construção no plano das idéias, no aprimorameto do meu texto e na interatividade com as pessoas. Para que, em breve, tenha uma base sólida a fim de me tornar um cronista multimídia. E só com o tempo, o cronista se forma. Ele precisa de treino, exercício, insistência e uma certa inquietação. Uns são agitados como Paulo Sant'Ana, outros calmos como Luis Fernando Verissimo, só para citar dois extremos geniais. Os melhores são como vinho, amadurecidos, aqueles com rugas, cabelos brancos, dores nas juntas, manias e inquietações. É um tsunami de idéias, quase uma loucura, misturar palavras e dar corp o ao texto, ao comentário, ao recado. Eis que me surgem os primeiros fios grisalhos, algumas cicatrizes do tempo, é um alento. Abro o livro da metade da vida, dos 39 para os 40 anos, e vejo folhas e mais folhas brancas a minha espera. É o outono, Porto Alegre, nublado, 15 graus.