sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Golfe e Rugby em 2016 e nada do futsal

Foto: Falcão, o melhor jogador de futsal do mundo
crédito: Cristiano Borges/CBFS

O futsal é uma invenção sul-americana. Surgiu no Uruguai e em São Paulo entre os anos 30 e 40. Era quase a mesma coisa. Encontraram um jeito de jogar futebol em quadras de hóquei e basquete com um gol menor e depois uma bola menor. Há quem se lembre do nome original: futebol de salão. Foi com esta denominação que se realizou a primeira copa do mundo em 1982 no Brasil. Desde então, caiu no gosto popular. Em 1989, a FIFA assumiu o controle internacional da modalidade em lugar da FIFUSA - Federação Internacional de Futebol de Salão. Aí ganhou o mundo de maneira espetacular. Mas este esporte tão nosso não estará nas Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro.
O Comitê Olímpico Internacional aprovou a presença do golfe e do rugby nos Jogos do Rio. Uma decisão acertada, pois se tratam de duas importantes modalidades. Não vejo problema na inclusão de esportes de elite como o golfe. Mesmo sendo restrito à camada mais pobre da população, é uma modalidade disputada no mundo todo. Existem redes de hotéis que abrigam grandes gramados de golfe e têm hóspedes exclusivamente fiéis ao taco e a bolinha. O rugby tem ainda maior apelo por se tratar de um esporte de bola - mesmo que oval - com origem popular na Inglaterra que até se confunde com o futebol. A origem do futebol, do futebol americano e do rugby é quase a mesma.
O que mais me chama a atenção no futebol e também no futsal não é a origem mas a utilização dos pés pela maioria dos jogadores. Somente o goleiro pode utilizar as mãos e numa área de atuação restrita. Os demais jogadores fora do campo de jogo podem arremessar a bola ao campo em cobranças de laterais. O Rugby e o Futebol americano são o contrário. O chute é a exceção e ainda por cima é mais utilizado pela força do que pela habilidade. O drible nestes esportes é com jogo de corpo, já o futebol e o futsal exigem malabarismo, equilíbrio e precisão nos toques porque os pés não conseguem agarrar a bola, apenas dominar, conduzir, lançar.
Não é por a caso que Pelé foi considerado um Rei e o Atleta do Século. Ele popularizou a velocidade de um velocista, a impulsão de um saltador, o jogo de corpo de um jogador de rugby ou futebol americano, mas uma única e exclusiva habilidade do futebol com os pés. E ainda tem o uso da cabeça como recurso nas bolas altas, outra ferramenta bastante útil tanto para defender como para atacar. Nem mesmo o vôlei, que hoje permite a utilização dos pés e da cabeça, estes recursos não são muito utilizados porque é permitido o uso das mãos bem mais fáceis. E só tentar jogar o futvôlei para ver que o grau de dificuldades é bem maior.
São estes justamente os esportes que exigem maior habilidade porque o atleta pode utilizar todas as partes do corpo, menos as mãos - que são as principais ferramentas de trabalho físico. Ninguém trabalha chutando, pisando, nem anota, carimba, tecla, digita, com os pés, com o joelho, com os ombros ou o peito. A igualdade com qualquer outro esporte ou atividade é a utilização do cérebro. Este é capaz de milagres até para quem não tem braços ou pernas como se vê nos jogos paraolímpicos. Mas o futebol, o futsal e também o beach soccer - futebol de praia - e o próprio futvôlei deveriam estar entre as modalidades olímpicas. O Rio de Janeiro seria o palco ideal para que estas modalidades ganhassem o espaço que merecem. Copacabana seria o Maracanã da areia e o Maracanazinho abrigaria muito bem o futsal.

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