sexta-feira, 10 de julho de 2009

Três volantes, ninguém merece


Os times de futebol desde os primórdios são formados por influência de alguma referência vitoriosa seja no plano individual ou coletivo. O básico é que para formar um timaço é preciso ter bons jogadores, senão todos craques, todos bons e alguns acima da média. O esquema de jogo é que vai proteger as fragilidades e se utilizar ao máximo das virtudes. E e aí que está o ponto chave de uma equipe de futebol nos dias de hoje sob a responsabilidade do treinador. O técnico não é mágico, mas também não pode ser inventor nem omisso. Olhem o exemplo de Mano Menezes no Corinthians. Nem tão fantástico é o elenco do Timão, mas ao redor de Ronaldo genial foi montado um timaço equilibrado e vencedor.
Com o gordo na frente, o time do Corinthians tem uma referência de extrema qualidade no ataque. Vindo de trás, dois atacantes que mais parecem alas adiantados, porque marcam e chegam. Atrás deles outros dois alas. Um mais fixo, Alessandro e o outro quase ponta quando vai, André Santos. Um meio quadrado, com dois volantes que saem e um meia de armação - Douglas - que lança como lançou Ronaldo contra o Fluminense. Este é o time a ser batido no momento. E nota-se que quando bem atacado, não é tão forte assim na defesa. Ou seja: Quem quiser ganhar do Corinthians não pode apenas se defender porque morre. Tem que ser agressivo no ataque e nas costas de André Santos.
O Grêmio, do estrategista Paulo Autuori, tem um bom teste neste final de semana. Já tem seu quadrado no meio para equilibrar as peças diante do ataque corinthiano. Thiego na direita pode até marcar bem André Santos. Mas alguém terá que abrir naquela ponta direita para que Mano retraia seu time. Outra coisa importante: marcar a saída de bola. E os argentinos sabem fazer muito bem isso. Como Herrera está suspenso, Jonas é opção. Pode ser ele o homem do lado direito, onde Souza flutua bem e pode dar dor de cabeça à defesa paulista.
O Inter perdeu a condição de referência. Era o exemplo de time. mas logo caiu na vitrine e o treinador não sobe mudar a composição apesar de ter um estoque de bons jogadores. O stress das derrotas para o Corinthians e para a LDU, somados a insistência do esquema com três volantes fez o time cair muito. Esta linha de quatro zagueiros que tanto se fala e a segunda linha de quatro do meio-campo com Nilmar e Taison na frente está em baixa.
A cada semana o futebol muda. A Itália ganhou o Mundial por um acidente em 2006, quando Zidane enlouqueceu e prejudicou a França expulso. Aí ficou para história que o time defensivo, com três volantes era a referência. Logo o mundo viu que era possível jogar com três atacantes. O Barcalona de Messi, Henri e E'too. O Barça com 4-3-3 bateu o 3-5-1 do Chelsea que parecia imbatível. Veja o esquema. A Seleção brasileira hoje tem quase três atacantes. Kaká e Robinho somam-se a Luiz Fabiano. Hoje com Ramires e os dois volantões Gilberto Silva e Felipe Melo - que ainda sai para o jogo - se assemelha ao que temos de melhor no momento. Por isso, o Dunga não tem nada de burro. Também está no caminho certo. O mesmo vale para o Cruzeiro. O quadrado do meio Henrique, Marquinhos Paraná, Ramires e Wagner. Somam-se a eles Kleber e Wellington Paulista. Wagner é o Kaká do Cruzeiro. Quando sobe é atacante. Mas não há três volantes.
O erro maior do grande elenco do Internacional é se fixar no esquema com três volantes. O time ficou fraco na criação - o que tem de melhor (Taison, Nilmar, D'alessandro, Alecssandro, Andrezinho, Bolaños) - e impôs ao time uma característica defensiva demais. Três zagueiros, um lateral - Kléber que está proibido de atacar - Três volantes, um meia e dois atacantes. Não custa nada abri mão de um volante e promover Alecssandro no ataque. É só abrir Taison de um lado e Nilmar de outro. Guiñazu cobre Nilmar e Magrão é ajudado por Taison na marcação do lado esquerdo do adversário. É preciso adiantar o time do Inter. Hoje ele é um time retraído que espera para dar o bote. E tem sido fácil dar o bote no Colorado antes que ele Inter faça alguma coisa.
O lado direito da defesa com Bolívar já está comprometido por que ninguém cobre o setor. Claro, toda a vez que o Magrão sobe, não volta a tempo. E quando é o fraco Danilo Silva, aí vira o caminho da roça. A zaga está sendo arrasada. Não adianta trocar a dupla de defesa. Se ela for pega de surpresa, desarmada como está sendo, nem o Baresi conserta, nem o Gamarra arruma.
Mudado o esquema é preciso ter coragem de mexer nas peças que não estão funcionando. Se Taison, D'alessandro e Magrão estão mal, precisam ser substituídos em todos os jogos. Podem até começar jogando num esquema mais ofensivo. Mas se não acertarem, têm substitutos que podem render mais agora. Depois voltam mais motivados, mais ligados no jogo. Um chá de banco é um bom elixir para vitórias.
Por quê insistir com três volantes? Quem entra se um dos volantes machucar? É melhor dois volantes inteiros e um no banco para suprir o cansaço eventual ou a má fase como de Magrão que três cansando em campo. Os times e não só o Inter precisam ter mais de uma alternativa de jogo. Há vezes que poderá ter três volantes no jogo e quatro zagueiros. Mas sair jogando assim é para quem busca empate ou derrota. Em último caso, a vitória chega por acidente ou na individualidade de Nilmar, por exemplo, que driblou meio time do Corinthians e ganhou o jogo porque depois de feito o gol, os três volantes seguraram o Timão. O Brasilerão vai mostrar quem realmente entende de futebol. Não basta ter os melhores jogadores, é preciso coragem para mudar. E o Corinthians daqui a pouco vai ter que mudar porque quem atacar o Corinthians com força nas costas de André Santos, pode se dar bem.

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